A Linha SNS 24, porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde, enfrenta uma sobrecarga sem precedentes, com estudos a prever que um milhão de chamadas fiquem por atender no próximo inverno. A situação, que já resultou em quase 1,5 milhões de chamadas não atendidas em 2025, agrava a pressão sobre as urgências hospitalares. Um estudo de investigadores nacionais e estrangeiros, citado pelo Expresso, alerta para um “risco de rutura”, justificando-o com o aumento de funcionalidades atribuídas à linha, como a triagem obrigatória para as urgências, sem um “reforço proporcional de meios, humanos e tecnológicos”. As projeções para o início de 2026 antecipam até 900 mil tentativas de chamadas mensais, das quais quase 300 mil poderão ficar sem resposta. Os dados operacionais já confirmam a pressão: entre janeiro e setembro de 2025, 1,457 milhões de chamadas não foram atendidas, um aumento drástico face às 140 mil do período homólogo de 2024. Em agosto, o tempo médio de espera atingiu os 40 minutos.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu os “constrangimentos” e anunciou que já foi solicitado um reforço à Altice e aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) para, pelo menos, 27 Unidades Locais de Saúde.
A ministra mencionou ainda a necessidade de “colocar inteligência artificial no sistema” para agilizar o atendimento.
No entanto, o reforço para as restantes 12 ULS “não está garantido neste momento”.
O operador Altice confirmou que o volume de chamadas está “muito acima das estimativas” e que só em outubro estão 500 novos profissionais em formação.
Em resumoA sobrecarga da Linha SNS 24, evidenciada pelo aumento exponencial de chamadas não atendidas e pelos longos tempos de espera, compromete a sua função de triagem e acesso ao SNS. Apesar das promessas de reforço do Governo, a falta de capacidade de resposta ameaça agravar o caos nas urgências durante o inverno.