O serviço de urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Infante Dom Pedro, em Aveiro, encerrou durante o sábado, dia 18 de outubro, evidenciando as crescentes dificuldades do Serviço Nacional de Saúde em assegurar a resposta nesta especialidade. A interrupção temporária inseriu-se num quadro mais vasto de constrangimentos que afetaram várias unidades hospitalares do país durante o fim de semana. O encerramento da urgência de Ginecologia e Obstetrícia em Aveiro representa um sintoma alarmante da crise de recursos humanos que afeta o SNS. A causa apontada de forma consistente em várias fontes noticiosas é a “escassez de médicos especialistas”, um problema estrutural que se agudiza em períodos de maior pressão, como fins de semana e feriados, dificultando o preenchimento das escalas de serviço. Este episódio não foi um caso isolado, mas parte de uma falha sistémica que, no mesmo fim de semana, levou ao encerramento de outras três urgências da mesma especialidade e a constrangimentos em dezenas de outros hospitais. A situação obriga a uma reorganização forçada da rede de cuidados, com os utentes a serem aconselhados a contactar previamente a Linha SNS 24 (808 24 24 24) antes de se deslocarem a um hospital.
Esta recomendação, embora pragmática, transfere para o utente a responsabilidade de navegar um sistema fragmentado e imprevisível, podendo gerar ansiedade e atrasos no acesso a cuidados urgentes.
O encerramento em Aveiro, mesmo que por apenas 24 horas, tem implicações diretas na segurança das grávidas e outras utentes da região, que se veem forçadas a procurar alternativas em unidades potencialmente mais distantes e sobrecarregadas.
A reabertura no dia seguinte não apaga a vulnerabilidade exposta, levantando questões sobre a sustentabilidade do modelo atual e a capacidade do Estado para garantir uma cobertura contínua e segura em áreas tão críticas como a saúde materno-infantil.
Em resumoO fecho temporário da urgência de Ginecologia/Obstetrícia em Aveiro, motivado pela falta de médicos, ilustra uma crise sistémica no SNS. Este evento, parte de uma série de encerramentos e restrições a nível nacional, evidencia a fragilidade da resposta em saúde materno-infantil e a crescente necessidade de os utentes recorrerem à Linha SNS 24 para orientação, face à imprevisibilidade dos serviços.