As urgências pediátricas dos hospitais de Vila Franca de Xira e Beatriz Ângelo, em Loures, funcionaram com fortes limitações durante o fim de semana de 18 e 19 de outubro. A incapacidade de assegurar um atendimento aberto à população deveu-se à falta de médicos especialistas, um problema que afeta de forma transversal o Serviço Nacional de Saúde. Os constrangimentos nestas duas unidades hospitalares da Área Metropolitana de Lisboa revelam que a crise de recursos humanos não se limita à Ginecologia e Obstetrícia, estendendo-se também aos cuidados pediátricos. Durante o fim de semana, ambos os hospitais prestaram assistência apenas a casos enviados pelo INEM, o que significa que as crianças que se deslocaram diretamente às urgências por iniciativa dos pais não foram atendidas, sendo reencaminhadas.
Esta situação cria uma barreira significativa no acesso aos cuidados, gerando insegurança e frustração nas famílias.
A orientação para contactar a Linha SNS 24 torna-se, mais uma vez, o procedimento padrão, mas levanta preocupações sobre a capacidade de uma linha telefónica gerir o volume e a complexidade das situações pediátricas urgentes.
A limitação do acesso a duas urgências pediátricas em simultâneo numa área densamente povoada como a de Lisboa aumenta a pressão sobre os hospitais que permanecem de porta aberta, como os hospitais centrais, arriscando a sua sobrelotação e a degradação da qualidade do atendimento. Este cenário evidencia a necessidade de uma gestão mais eficaz das escalas e de políticas de incentivo que tornem o trabalho no SNS mais atrativo para os pediatras.
Em resumoO funcionamento condicionado das urgências pediátricas em Vila Franca de Xira e Loures, que atenderam apenas casos referenciados pelo INEM, demonstra que a falta de médicos afeta também os cuidados infantis. Esta restrição no acesso direto impôs uma barreira às famílias, sobrecarregou a Linha SNS 24 e aumentou a pressão sobre outras urgências da região de Lisboa, refletindo uma crise sistémica de recursos humanos no SNS.