A decisão de limitar o atendimento em duas urgências críticas ao mesmo tempo, aceitando apenas casos referenciados pelo CODU/INEM, demonstra uma incapacidade estrutural de garantir a cobertura assistencial mínima.

Para as famílias da região, isto traduziu-se numa dupla barreira: tanto as grávidas em situação de urgência como as crianças doentes foram impedidas de aceder diretamente ao hospital, sendo obrigadas a passar pela triagem da Linha SNS 24 ou do 112. Esta dependência de um sistema de encaminhamento centralizado, embora inevitável em contingência, aumenta o tempo de resposta e a ansiedade dos utentes. A situação em Vila Franca de Xira não só sobrecarrega os serviços de emergência pré-hospitalar, como também transfere a pressão para outros hospitais da região, que têm de absorver um fluxo de doentes para o qual podem não estar preparados. O problema evidencia que a falta de médicos não é setorial, mas sistémica, afetando múltiplas especialidades e colocando em risco a segurança dos cuidados prestados a diferentes grupos da população.