Como resposta à crise na cobertura de escalas de urgência, o Ministério da Saúde apresentou aos sindicatos uma proposta de suplementos remuneratórios para incentivar a mobilidade dos profissionais. O plano prevê o pagamento de até 500 euros mensais a médicos e 360 euros a enfermeiros que aceitem deslocar-se para assegurar serviços em hospitais regionais com carência de pessoal, num raio de até 60 quilómetros. A medida insere-se no novo modelo de urgências regionais que o Governo pretende implementar, nomeadamente na área da obstetrícia na Península de Setúbal.
A proposta para os médicos foi discutida em reunião com os sindicatos, que, no entanto, manifestaram ceticismo.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considerou o valor de 500 euros “manifestamente insuficiente”, dadas as dificuldades de trabalhar em hospitais desconhecidos. Para os enfermeiros, o suplemento de 360 euros poderia ser majorado em 10% caso o serviço se mantivesse em funcionamento durante todo o mês.
Estas propostas são vistas pelos sindicatos como uma solução temporária e paliativa, que não resolve o problema estrutural da falta de atratividade da carreira no SNS. A FNAM, por seu lado, criticou a falta de propostas concretas sobre salários e condições de trabalho dignas, que considera serem as únicas medidas capazes de fixar médicos no serviço público.
Em resumoO Governo aposta em incentivos financeiros para resolver a falta de médicos e enfermeiros nas urgências, uma solução que os sindicatos consideram insuficiente e um mero paliativo que não aborda as causas estruturais da crise de recursos humanos no SNS.