A análise detalhada da paralisação revela um descontentamento profundo da classe médica, que vai além das questões salariais.

A adesão maciça, que em algumas regiões como o Alto Minho e Braga atingiu perto de 100% nos centros de saúde, paralisou a atividade não urgente. Hospitais de referência, como o São João no Porto, e unidades do interior, como o Hospital Doutor José Maria Grande em Portalegre, onde não se realizou qualquer cirurgia, sentiram fortemente o impacto.

A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, enquadrou a greve como uma resposta à “inação e falta de diálogo” do Governo e da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

A sindicalista acusa a tutela de estar a promover a “destruição do Serviço Nacional de Saúde” ao não investir nos seus recursos humanos e ao tentar impor medidas sem negociação. A greve surge como um ato de protesto não só “pela valorização da nossa carreira, mas acima de tudo na defesa do serviço público, do nosso SNS”. Este movimento de contestação reflete a exaustão dos profissionais e a sua oposição a políticas que, na sua perspetiva, precarizam as condições de trabalho e comprometem a qualidade dos cuidados prestados à população, prenunciando um clima de confronto contínuo caso as reivindicações não sejam atendidas.