Os dados indicam que, só este ano, já ocorreram mais nascimentos nestas condições do que em todo o ano anterior, com a Península de Setúbal a ser a região mais afetada por esta realidade. Até ao final de setembro, foram registados mais de 30 partos em ambulâncias, um número que expõe a vulnerabilidade de grávidas e recém-nascidos quando os serviços de saúde de proximidade falham. A situação é particularmente sentida pelos bombeiros, que se veem na linha da frente de uma emergência médica para a qual nem sempre estão totalmente preparados. Um comandante dos bombeiros da Moita, corporação que já assistiu a 15 partos, descreveu a situação como “um recorde que eu não quero”, evidenciando a pressão sobre as equipas de socorro. Um caso recente que ilustra o problema foi o nascimento de uma menina, Bruna, numa ambulância dos bombeiros da Trafaria, quando a mãe se encontrava a apenas cinco minutos do Hospital Garcia de Orta, em Almada.

Embora a urgência estivesse aberta, o parto precipitou-se durante o transporte.

Estes incidentes sublinham como a concentração ou o fecho de maternidades obriga as grávidas a percorrer distâncias maiores, aumentando o risco de o parto ocorrer em trânsito, fora de um ambiente hospitalar controlado e com os recursos adequados.

A situação é um sintoma visível da crise nas urgências e um ponto central nas críticas dos sindicatos ao plano de reorganização do Governo.