A dependência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de médicos tarefeiros para assegurar o funcionamento dos serviços, especialmente as urgências, atingiu um custo diário superior a 727 mil euros. Entre janeiro e agosto de 2025, a despesa total com estes profissionais contratados em regime de prestação de serviços ultrapassou os 174 milhões de euros, evidenciando uma falha estrutural na capacidade do SNS para reter os seus próprios quadros. Os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) revelam disparidades significativas a nível regional. A Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve lidera os gastos, com uma fatura de 14,1 milhões de euros, seguida pela ULS do Médio Tejo (mais de 9 milhões) e do Oeste (cerca de 8 milhões).
O valor pago por hora também varia drasticamente, indo dos 21 euros no Alto Minho aos 57 euros no Alto Alentejo.
Este modelo é descrito como sendo “simultaneamente mais caro, oferece menos qualidade e garantias”.
Em resposta a esta situação, a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou que o Governo irá aprovar novas regras para disciplinar a contratação de tarefeiros, estabelecendo uma tabela de preços e um regime de incompatibilidades.
O objetivo é “minimizar as assimetrias” entre os médicos com contrato no SNS e os prestadores de serviços. A medida surge num contexto em que a falta de especialistas, como obstetras na Península de Setúbal, obriga a um recurso massivo a este tipo de contratação para evitar o encerramento de serviços essenciais.
Em resumoO SNS enfrenta uma despesa diária superior a 727 mil euros com médicos tarefeiros para manter os serviços a funcionar, totalizando 174 milhões de euros em oito meses. O Governo planeia regulamentar esta prática para controlar os custos e as assimetrias no sistema de saúde.