Esta solução visa garantir a continuidade dos cuidados, mas gera forte contestação por parte dos sindicatos médicos.

A nova legislação permite que duas ou mais Unidades Locais de Saúde (ULS) se associem para centralizar o serviço de urgência num único hospital, especialmente quando a falta de recursos humanos impede o seu funcionamento contínuo. A primeira experiência-piloto está prevista para o início de 2026 na área de obstetrícia e ginecologia na Península de Setúbal, uma das regiões mais afetadas por encerramentos temporários. Segundo a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a medida trará “todas as vantagens em termos de previsibilidade para que as grávidas percebam exatamente, quando são pré-triadas para irem à urgência, qual é a urgência que está de facto aberta”.

A iniciativa é vista por alguns quadrantes políticos como uma solução pragmática; o candidato presidencial Marques Mendes considerou-a de “meridiano bom senso”, embora recomendando prudência.

Contudo, a medida enfrenta forte oposição.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) critica a premissa da proposta, argumentando que esta adapta a rede de urgências “à escassez de médicos” em vez de resolver o problema estrutural da falta de profissionais.

Na mesma linha, o líder do PS, José Luís Carneiro, classificou a criação das urgências regionais como o reconhecimento do “falhanço completo” do Governo na área da saúde.

A Iniciativa Liberal vê a medida como um “penso rápido” que não resolve os problemas estruturais.

Esta tensão entre uma solução centralizadora e as críticas de desinvestimento nos cuidados de proximidade define o debate em torno de uma das mais controversas reformas recentes no SNS.