Esta reestruturação surge como uma resposta estratégica às dificuldades sentidas em muitas urgências pediátricas do país, que enfrentam constrangimentos de recursos humanos e encerramentos intermitentes. O plano, que se encontra em consulta pública até 10 de novembro, visa promover "cuidados de saúde pediátricos de qualidade, acessíveis e integrados", procurando corrigir as assimetrias que atualmente existem na rede. Uma das medidas concretas da proposta é a classificação de seis hospitais como centros de referência máxima em pediatria: dois na região Norte, um no Centro e três no Sul.

Esta hierarquização pretende concentrar os casos mais complexos em unidades com maior diferenciação e capacidade de resposta, otimizando os recursos disponíveis. No entanto, esta estratégia implica uma reconfiguração dos serviços de urgência em hospitais de menor dimensão, que poderão ver a sua oferta de cuidados pediátricos noturnos ou permanentes alterada. Um exemplo disso é a situação dos hospitais de Barcelos e Santiago do Cacém, que, no âmbito da reorganização, se mantêm sem urgências pediátricas noturnas, obrigando as populações a deslocarem-se para Braga e Setúbal, respetivamente. A proposta reflete, assim, um dilema central na gestão do SNS: a tensão entre a centralização para garantir a qualidade e a diferenciação dos cuidados e a necessidade de manter serviços de proximidade essenciais para as comunidades locais.