Os dados do Portal do SNS revelam uma degradação significativa no acesso aos cuidados de saúde programados, com a maioria dos utentes a esperar mais tempo do que o legalmente permitido. O número de doentes a aguardar por uma cirurgia fora do tempo máximo recomendado também subiu 20%, totalizando mais de 20 mil utentes. Esta incapacidade do sistema em dar resposta atempada leva a que muitos utentes, cujo estado de saúde se agrava durante a espera, recorram aos serviços de urgência como única alternativa para obterem cuidados.

Este fenómeno contribui para a sobrelotação das urgências, desviando recursos que deveriam estar focados em situações emergentes.

O Governo justifica o aumento dos tempos de espera com um crescimento dos pedidos que supera a capacidade de resposta do SNS, apesar de um alegado reforço da oferta.

No entanto, gestores hospitalares pedem mais investimento e a Ordem dos Médicos manifesta a sua "apreensão" com a situação.

A degradação do acesso aos cuidados programados e o consequente aumento da pressão sobre as urgências formam um ciclo vicioso que mina a eficácia do SNS e a saúde da população.