A recusa da utente em sair do hospital evitou um desfecho potencialmente trágico.

Uma jovem de 25 anos, grávida de 39 semanas e com contrações a cada três minutos, foi transportada de ambulância de Almeirim para o Hospital de Leiria, a 103 quilómetros, apenas para receber alta pouco tempo depois. Perante a perspetiva de uma longa e arriscada viagem de regresso em viatura própria, a mulher recusou-se a abandonar a unidade hospitalar.

A sua família, preocupada com o seu estado e a distância, insistiu para que permanecesse no hospital, onde o bebé acabou por nascer em segurança horas depois.

A diretora clínica do Hospital de Leiria, Catarina Faria, defendeu publicamente a decisão da equipa médica, garantindo que a alta hospitalar “foi uma decisão correta” e que “a senhora não estava em trabalho de parto”.

Esta justificação gerou controvérsia, questionando a rigidez dos protocolos clínicos face à realidade das utentes, que são frequentemente obrigadas a percorrer longas distâncias devido ao encerramento rotativo das urgências de obstetrícia.

O incidente expõe a vulnerabilidade das grávidas no atual contexto do SNS, onde a avaliação clínica parece, por vezes, desconsiderar o fator geográfico e o stress imposto às famílias.