O caso do dermatologista do Hospital de Santa Maria que recebeu indevidamente mais de 700 mil euros por cirurgias adicionais expôs falhas sistémicas de controlo e gestão, segundo um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). Embora não se relacione diretamente com o encerramento de urgências, o escândalo revela uma cultura de má gestão de recursos que afeta a capacidade global do SNS. A investigação da IGAS concluiu que um médico dermatologista do Hospital de Santa Maria recebeu pagamentos indevidos no valor de quase 715 mil euros pela realização de cirurgias adicionais que foram mal classificadas e, em alguns casos, nem sequer registadas. O relatório, que já foi enviado para o Ministério Público, é demolidor para a gestão do hospital, apontando para uma “tremenda falta de bom senso e de controlo”.
Segundo a jornalista Sandra Felgueiras, o documento “culpa todo o sistema de controlo” da unidade hospitalar.
A IGAS apurou que, apesar de um alerta interno em 2022 sobre desvios na produção cirúrgica, “não foi efetuado qualquer sinal de alarme” relativamente à atividade do médico em causa, nem pela quantidade de atos nem pelos valores pagos, “embora tal fosse sempre do conhecimento do diretor do serviço”. Este caso de má alocação de fundos e ausência de fiscalização interna num dos maiores hospitais do país é sintomático dos problemas estruturais que também contribuem para a degradação de outros serviços, como as urgências, por desvio de atenção e de recursos.
Em resumoO escândalo no serviço de Dermatologia do Hospital Santa Maria evidencia uma profunda falha nos mecanismos de controlo interno e na gestão de recursos do SNS, refletindo problemas sistémicos que comprometem a eficiência e a sustentabilidade de todo o serviço público de saúde.