O incidente, ocorrido em fevereiro, expõe as falhas sistémicas na resposta das urgências de obstetrícia.
O caso envolveu uma mulher grávida de 29 anos, com cinco semanas de gestação e sinais de aborto espontâneo, incluindo uma hemorragia vaginal abundante, que foi recusada no Hospital do Barreiro devido a “falta de médicos”. A utente foi subsequentemente rejeitada no Hospital de Santa Maria, sendo admitida apenas no Hospital de Cascais, mais de duas horas e meia após o primeiro contacto com uma unidade hospitalar. A ERS, que abriu um processo de inquérito, considerou que o hospital violou as regras e instruiu a unidade a não dificultar o acesso dos utentes. O regulador também recomendou ao INEM que garanta uma articulação e coordenação permanentes com os serviços de urgência para a referenciação e orientação de doentes. Este evento não é considerado isolado, com a ERS a apontar para falhas em vários hospitais, no INEM e na Linha SNS24 relacionadas com a recusa de atendimento a grávidas.
O incidente ilustra o “drama” que envolve as grávidas no país, onde a carência de recursos numa unidade sobrecarrega as restantes, criando um efeito dominó que compromete a segurança das utentes e expõe as fragilidades da rede de urgências do Serviço Nacional de Saúde.













