Esta situação crítica obriga ao desvio de utentes para outras unidades hospitalares, gerando incerteza e risco para grávidas e parturientes.

A crise, que afeta diversas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tornou-se particularmente visível com os anúncios de encerramentos programados, como os que ocorreram nos hospitais do Barreiro e das Caldas da Rainha. A causa principal apontada é a incapacidade de completar as escalas de serviço por carência de especialistas, um problema crónico que se agudiza nos períodos de maior procura ou de descanso dos profissionais. Em resposta, as autoridades de saúde têm recorrido a planos de contingência que envolvem a reorganização das escalas e, inevitavelmente, o desvio de utentes para hospitais de referência que ainda mantêm a capacidade de resposta.

Esta solução, contudo, é vista como precária e acarreta riscos significativos.

Grávidas em trabalho de parto são forçadas a percorrer distâncias maiores, aumentando a ansiedade e o perigo de complicações. A situação reflete um problema estrutural mais profundo no SNS, relacionado com a dificuldade em reter médicos especialistas, as condições de trabalho e a crescente dependência de prestadores de serviços. A tutela ministerial reconhece os constrangimentos e determinou a implementação de medidas para o outono e inverno, que preveem a otimização de recursos, mas a repetição destes encerramentos demonstra a dificuldade em encontrar uma solução sustentável para a falta de recursos humanos no setor.