O recurso a estes profissionais, que trabalham à hora e fora dos quadros do SNS, tornou-se uma solução indispensável para preencher as escalas das urgências, mas é também um sintoma de problemas estruturais. Como aponta uma análise, o que começou por ser um "biscate" tornou-se um "negócio milionário", com os hospitais a gastarem centenas de milhões de euros anualmente.

A situação cria tensões internas, com os tarefeiros a auferirem valores por hora superiores aos dos médicos do quadro.

Em resposta, o Governo aprovou nova legislação para regulamentar os valores pagos e criar um regime de incompatibilidades, o que motivou a criação de uma associação para representar estes médicos. A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, agendou uma reunião com a nova associação para o final de novembro, reconhecendo a importância do diálogo.

No entanto, a situação é delicada.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, alertou que se o problema “não for tratado com cuidado, podemos ter nos próximos meses um problema sério no SNS”, sublinhando o papel crucial que estes médicos desempenham na manutenção da resposta assistencial.