Os dados indicam que, nos primeiros nove meses do ano, mais de 1,46 milhões de chamadas não foram atendidas, uma proporção de 25% que nem durante os picos da pandemia foi atingida.

Este colapso funcional tem implicações graves, uma vez que a linha é o mecanismo central da estratégia do Governo para racionalizar o acesso às urgências hospitalares.

As autoridades de saúde recomendam consistentemente que a população contacte o SNS24 antes de se deslocar a um hospital, especialmente perante os constantes encerramentos de serviços de urgência. No entanto, a incapacidade de resposta da linha deixa os cidadãos num limbo, sem orientação sobre onde procurar cuidados. A situação é agravada pelo facto de os próprios centros de saúde também não responderem aos telefonemas, criando uma barreira generalizada no acesso aos cuidados primários e de triagem. Esta falha sistémica não só gera frustração e ansiedade nos utentes, como também compromete o objetivo de aliviar a pressão sobre os hospitais, podendo levar a que os doentes se desloquem desnecessariamente às urgências ou, pior, que atrasem a procura de cuidados em situações graves.