A situação destes médicos e as suas reivindicações tornaram-se um tema central no debate sobre a sustentabilidade do SNS.

A Associação que representa estes profissionais tem vindo a exigir a sua integração nos quadros do SNS, uma ideia que o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considera "correta". O bastonário, no entanto, também denunciou a utilização "abusiva" destes médicos por parte das Unidades Locais de Saúde (ULS), afirmando que "há serviços deste país que só têm prestadores de serviço".

Esta dependência é vista como uma consequência da "destruição das carreiras médicas" pelo Estado, que tornou o trabalho no SNS menos atrativo.

A nova regulamentação do Governo, que visa disciplinar os valores pagos por hora a estes profissionais, gerou descontentamento e motivou a organização do setor, que não descarta a possibilidade de protestos que poderiam paralisar as urgências. O líder da associação, Nuno Figueiredo e Sousa, que trabalha "50 a 60 horas" por semana, defende a limitação das empresas intermediárias que contratam os tarefeiros para os hospitais.

A situação dos tarefeiros expõe um paradoxo: são, por um lado, uma solução precária para tapar as falhas do sistema e, por outro, um sintoma da incapacidade do SNS em reter profissionais qualificados através de carreiras estáveis e valorizadas.