As ruturas de stock de medicamentos nos hospitais públicos estão a aumentar, tornando-se um "problema grave" e um "risco estrutural" que afeta diretamente a qualidade dos cuidados prestados aos doentes. Este fenómeno compromete a capacidade de resposta de todos os serviços hospitalares, incluindo as urgências. De acordo com dados do Índex Nacional de Acesso ao Medicamento, a situação é generalizada: todas as 31 instituições hospitalares do SNS que responderam a um inquérito (de um total de 43) registaram ruturas de medicamentos. Para mais de metade destas instituições, as falhas ocorrem de forma diária ou semanal.
O impacto destas falhas é severo, sendo considerado "grave" em 61% dos casos.
Uma das consequências mais preocupantes é a necessidade de alterar a terapêutica dos doentes, uma medida que foi forçada em 23% das instituições devido à indisponibilidade do medicamento prescrito. Esta situação não só pode comprometer a eficácia do tratamento, como também aumenta a carga de trabalho dos profissionais de saúde, que têm de encontrar alternativas seguras e adequadas.
A despesa com medicamentos é uma das rubricas onde o Governo pretende efetuar cortes, o que levanta preocupações adicionais sobre a sustentabilidade do abastecimento.
A crescente frequência de ruturas de stock revela fragilidades na cadeia de abastecimento e na gestão farmacêutica a nível nacional, constituindo mais um fator de pressão sobre um sistema de saúde já debilitado.
Em resumoAs ruturas de medicamentos nos hospitais do SNS tornaram-se um problema crónico e grave, com falhas diárias ou semanais em mais de metade das instituições. Esta situação obriga frequentemente à alteração da terapêutica dos doentes, comprometendo a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde.