Os dados indicam que 469 das 2.331 vagas para o internato médico ficaram desertas, um agravamento face aos 14% do ano anterior. Este fenómeno é particularmente alarmante em áreas que constituem a base do sistema: a Medicina Geral e Familiar (MGF), fundamental para os cuidados primários e para a gestão do acesso às urgências, e a Medicina Interna, pilar do funcionamento hospitalar.

A Ordem dos Médicos descreve a situação como uma "crise estrutural", um sintoma de que o SNS perdeu a sua capacidade de atrair e reter as novas gerações de profissionais. As associações de estudantes de medicina corroboram esta análise, afirmando que, embora a maioria dos estudantes "gostaria de permanecer no SNS", as condições de trabalho precárias, a remuneração desadequada e a falta de perspetivas de carreira os repelem. As consequências para os serviços de urgência são diretas: sem médicos de família suficientes, os utentes recorrem aos hospitais para situações que poderiam ser resolvidas nos centros de saúde.

A carência de internistas, por sua vez, sobrecarrega as equipas hospitalares, levando ao esgotamento e à potencial diminuição da qualidade dos cuidados.

A falta de interesse dos jovens médicos por estas especialidades vitais reflete um problema sistémico que exige reformas urgentes.