No contexto da crise nas urgências, a função da pré-triagem está a ser questionada, com profissionais de saúde a argumentar que, em vez de salvar vidas, está a funcionar como uma barreira ao acesso aos cuidados. A crítica sugere que o sistema está a ser usado para gerir a escassez de recursos em vez de priorizar clinicamente os doentes. Esta perspetiva foi articulada pelo enfermeiro Mário André Macedo, que considera que "a pré-triagem, em vez de estar a salvar vidas, está simplesmente a gerir a escassez", funcionando como uma "barreira real ao acesso aos cuidados de saúde". Este ponto de vista é reforçado pelas conclusões da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) sobre o programa "Ligue Antes, Salve Vidas", que identificou falhas sistemáticas no encaminhamento de doentes pela linha SNS24, dificultando o seu acesso às urgências.
O médico João Varandas Fernandes também apontou as limitações do programa, descrevendo a situação geral do SNS como "uma vergonha democrática".
A crítica central é que estes sistemas de filtragem, concebidos para orientar os utentes e otimizar recursos, estão, sob a pressão da procura elevada e da falta de meios, a funcionar de forma perversa. Em vez de garantirem que os casos mais graves são atendidos rapidamente, podem estar a criar obstáculos burocráticos ou a atrasar o acesso, transformando uma ferramenta de gestão numa fonte de risco para os doentes.
Em resumoCríticas de profissionais e do regulador da saúde sugerem que os sistemas de pré-triagem e de contacto prévio, como o SNS24, estão a funcionar como barreiras ao acesso às urgências. Em vez de otimizarem o fluxo, estas ferramentas parecem estar a ser usadas para gerir a escassez de recursos, com potencial prejuízo para os doentes.