A situação afeta os hospitais do Barreiro, Garcia de Orta e Setúbal, comprometendo o acesso a cuidados essenciais para as grávidas. A análise da IGAS, que abrange o período entre janeiro de 2024 e julho de 2025, quantifica a dimensão da falha no acesso aos cuidados de saúde: a urgência do Hospital do Barreiro esteve encerrada por 324 dias, a do Garcia de Orta por 296 dias e a de Setúbal por 371 dias. Estes números demonstram que os serviços fecharam as portas em mais de 60% do tempo, transformando o que poderiam ser incidentes isolados numa falha sistémica e crónica. A situação é descrita como o 'elo mais fraco do sistema de saúde na região', sublinhando a gravidade do impacto para a população da Margem Sul do Tejo. As causas apontadas nos artigos são multifatoriais, mas um caso específico ilustra a profundidade do problema: durante o encerramento na Páscoa, mais de metade dos médicos da equipa de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta encontravam-se de férias. Este dado sugere não apenas uma carência de profissionais, mas também falhas graves no planeamento e na gestão de recursos humanos, que se mostram incapazes de garantir a continuidade dos serviços essenciais.

O impacto direto recai sobre as utentes, grávidas que, ao procurarem assistência, se deparam com portas fechadas, sendo forçadas a deslocar-se para outras unidades, com os consequentes atrasos e riscos para a sua saúde e a dos seus bebés.

Esta instabilidade mina a confiança no Serviço Nacional de Saúde e evidencia a urgência de uma intervenção estrutural para resolver as carências de médicos e otimizar a gestão hospitalar na região.