Este fenómeno tem um impacto direto no funcionamento das urgências e na capacidade de realizar cirurgias, transformando camas hospitalares em respostas sociais improvisadas.
A permanência indevida destes utentes, que pode durar meses ou até anos, é um problema estrutural com múltiplas causas.
As famílias invocam dificuldades económicas, falta de condições habitacionais adequadas, indisponibilidade para prestar cuidados e conflitos familiares como principais razões para não colaborarem no processo de alta. Esta realidade cria um ciclo vicioso: a ocupação de camas de internamento impede que novos doentes, que chegam através dos serviços de urgência, possam ser admitidos, aumentando a pressão e o tempo de espera nas urgências.
Além disso, a situação gera riscos clínicos para os próprios utentes em internamento social, que se encontram num ambiente hospitalar desadequado às suas necessidades, e representa custos elevados para os hospitais.
A crise dos internamentos sociais expõe a frágil articulação entre os setores da saúde e da segurança social, demonstrando que a falta de respostas na comunidade, como lares ou equipas de apoio domiciliário, tem um efeito de bloqueio direto na porta de entrada do hospital, as urgências.














