A sua “Curva da Vida” funcionou como um ato de relações públicas, visando a redenção e a redefinição da sua imagem pública. Num testemunho carregado de emoção, Paim construiu uma narrativa de ascensão e queda, abordando os pontos mais controversos da sua carreira. A sua estratégia de comunicação equilibrou a atribuição de responsabilidades externas com a assunção de culpas pessoais. Por um lado, acusou o Sporting de o ter deixado “com uma pistola à cabeça” ao dar-lhe um contrato milionário aos 16 anos sem a devida orientação. Por outro, admitiu que o seu ego e as más decisões o levaram à ruína, culminando no vício das drogas e na sua detenção por tráfico, um momento que descreveu como particularmente doloroso por ter ocorrido à frente dos filhos.
Crucialmente, Paim enquadrou a sua passagem pela prisão não como o fim, mas como o “ponto de viragem” que lhe permitiu tornar-se uma pessoa mais focada. Ao partilhar a sua história neste formato, procurou gerar empatia e transformar o seu passado de “menino-prodígio caído em desgraça” numa história de superação, reforçando a sua nova identidade como alguém que dá “palestras do insucesso” para ajudar jovens a não cometerem os mesmos erros.