A Romaria d’Agonia, a maior de Portugal, regressa a Viana do Castelo mobilizando milhares de participantes e visitantes, mas a edição de 2025 fica marcada por um intenso debate sobre a gestão das inscrições para o tradicional Desfile da Mordomia. A controvérsia em torno da limitação de vagas e da alegada exclusão de mulheres locais gerou um movimento cívico e obrigou a organização a tomar medidas excecionais. A grandiosidade do evento, que se estende por nove dias, é inegável, com a instalação de 1,8 milhões de lâmpadas LED a iluminar seis quilómetros de ruas e um programa que envolve mais de 5.000 pessoas, incluindo oito bandas filarmónicas, dez grupos de bombos e 27 ranchos folclóricos. O Desfile da Mordomia, agendado para 14 de agosto, é um dos pontos altos, sendo considerado a “maior montra de ouro ao ar livre do mundo”. No entanto, a decisão de limitar as inscrições a mil participantes, que esgotaram em apenas dois dias, gerou um forte sentimento de exclusão entre muitas mulheres vianenses, habituadas a participar anualmente. Em resposta, surgiu o movimento “Somos Todas Mordomia”, que apelou à “inclusão das mulheres vianenses que, com orgulho e autenticidade, desejam continuar a representar a sua terra”, argumentando que sem elas “a tradição perde alma, raízes e verdade”.
O grupo criticou a organização por uma aparente preocupação em “internacionalizar a tradição, como se se tratasse de um desfile carnavalesco”.
A VianaFestas, entidade organizadora, reagiu criticando o que considerou um “aproveitamento político extremista” da situação, mas anunciou a abertura excecional de 76 vagas adicionais, correspondentes ao número de mulheres que contactaram oficialmente a organização. Manuel Vitorino, presidente da VianaFestas, afirmou que “cerca de 80% das inscrições recebidas foram oriundas de Viana do Castelo” e repudiou a “campanha de desinformação assente em factos falsos”.
Em resumoA Romaria d'Agonia de 2025 destaca-se pela sua escala e forte adesão, mas é também palco de uma controvérsia significativa sobre a participação no Desfile da Mordomia. A polémica levou a organização a ceder parcialmente, abrindo mais vagas, ao mesmo tempo que denuncia um alegado aproveitamento político, refletindo as tensões entre a preservação da tradição local e a crescente popularidade do evento.