A XVII edição da Feira da Castanha e do Mel no Quilho, em Mortágua, destacou-se não só pela celebração dos produtos endógenos e da gastronomia tradicional, mas também pela inclusão de um fórum de debate sobre o futuro da floresta. O evento, que atrai centenas de visitantes, reforçou o seu papel como um espaço de convívio e de reflexão sobre os desafios do mundo rural. A feira, realizada em meados de outubro, é um pilar da vida comunitária, envolvendo a população na confeção de pratos típicos como a sopa da matança, o sarrabulho e diversas iguarias à base de castanha. Este ano, para além da vertente gastronómica e da animação musical, a organização, em parceria com a empresa Abastena, promoveu um “Fórum sobre Política Florestal”.
Esta iniciativa reuniu mais de uma centena de participantes, incluindo proprietários, empreendedores florestais, académicos e representantes de entidades como a Liga de Bombeiros Portugueses, para discutir o futuro do setor.
As críticas aos governos foram uma constante, com os oradores a apontarem “políticas florestais desastrosas” e uma “legislação castradora da floresta”.
Foi sublinhado que, apesar do aumento de meios, a ação no combate aos incêndios e às espécies invasoras tem sido insuficiente. A ausência de governantes no debate foi lamentada, com os participantes a defenderem que “se houver gente na floresta estamos todos mais tranquilos”.
Esta dualidade do evento — a celebração festiva dos produtos da terra e o debate sério sobre os problemas estruturais do território — demonstra uma crescente maturidade na forma como as comunidades rurais encaram o seu futuro, unindo a preservação das tradições à necessidade de intervenção política para garantir a sustentabilidade económica e ambiental.
Em resumoA Feira da Castanha e do Mel de Mortágua transcendeu a celebração de produtos locais ao integrar um fórum sobre política florestal, que juntou especialistas e produtores. O evento destacou-se pela forte adesão popular e pela crítica construtiva à gestão da floresta, evidenciando a capacidade da comunidade de aliar tradição, gastronomia e um debate profundo sobre os desafios do território rural.