A decisão, liderada pela Espanha, ameaça a unidade de um dos maiores eventos musicais do mundo, colocando em questão a sua natureza apolítica. A polémica intensificou-se com o anúncio de que a Espanha, um dos países do grupo "Big 5" com acesso direto à final, irá boicotar o concurso caso Israel participe.

A decisão foi aprovada pelo Conselho de Administração da RTVE com 10 votos a favor, quatro contra e uma abstenção, como confirmado pelo seu presidente, José Pablo López.

A esta posição juntam-se a Irlanda, os Países Baixos, a Eslovénia e a Islândia, que também manifestaram a intenção de se retirarem pelo mesmo motivo: a ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza. O ministro da Cultura espanhol, Ernest Urtasun, reforçou a posição, afirmando que não se pode "normalizar a participação de Israel nos fóruns internacionais como se nada estivesse a acontecer".

Em Portugal, a controvérsia também ganhou força.

O cantor Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017, apelou a uma tomada de posição firme, declarando à TSF que "está na hora de Portugal acordar, tanto no Governo como no canal público, que deve tirar a participação se Israel participar".

A RTP, por sua vez, ainda não confirmou oficialmente a sua presença e alterou o regulamento do Festival da Canção 2026, indicando que a canção vencedora fica "habilitada a representar a RTP", uma mudança subtil em relação a anos anteriores, que garantiam a representação direta.

A União Europeia de Radiodifusão (UER) defende que a Eurovisão é um concurso entre emissoras e não entre governos, recordando a expulsão da Rússia em 2022 por violação das "obrigações" de membro e dos "valores dos meios de comunicação social públicos".