A sua morte, anunciada pelo hospital onde se encontrava internado, representa uma perda irreparável para a música mundial e cancela a sua aguardada passagem por Portugal, onde tinha concertos agendados em vários festivais e salas de espetáculos. A notícia do falecimento de Hermeto Pascoal foi recebida com grande pesar em Portugal, onde o multi-instrumentista tinha uma base de admiradores considerável e uma agenda de concertos marcada para novembro. As atuações estavam previstas para a Culturgest em Lisboa, o Theatro Circo em Braga (no âmbito da Capital Portuguesa da Cultura), o Teatro Viriato em Viseu e o Auditório de Espinho.

Estes espetáculos centrar-se-iam no seu último álbum de inéditos, "Pra você, Ilza", uma homenagem à sua companheira de mais de 50 anos, que lhe valeu um Grammy Latino de Melhor Álbum de Jazz. Vencedor de três Grammy Latinos e considerado por Miles Davis "o músico mais impressionante do mundo", Hermeto era uma figura ímpar, pioneiro no uso de sons da natureza e de objetos do quotidiano como instrumentos musicais.

A sua abordagem, que designava como "música universal", cruzava jazz, forró, choro e música erudita, recusando quaisquer rótulos. A família comunicou que a sua passagem foi serena e que, no momento da sua morte, a sua banda, Nave Mãe, estava em palco, "como ele gostaria".

O cancelamento dos seus concertos em Portugal deixa um vazio na programação cultural do outono, privando o público de experienciar ao vivo a genialidade de um dos maiores inovadores da música contemporânea.