O evento, ressuscitado por ordem do presidente Vladimir Putin, ficou marcado por uma forte componente geopolítica e pela desistência de última hora da representante dos Estados Unidos. O regresso do Intervision, um concurso musical da era da Guerra Fria, materializa uma resposta da Rússia à sua exclusão da Eurovisão em 2022, após a invasão da Ucrânia.

O evento, que contou com a participação de 22 países, incluindo Brasil, Índia e China, foi apresentado como uma plataforma cultural livre de conotações políticas, embora a sua reativação tenha sido ordenada diretamente por Vladimir Putin.

O presidente russo, num discurso em vídeo, expressou confiança de que a competição se tornaria “uma das mais reconhecidas e amadas do mundo”, promovendo o “diálogo” e o “respeito mútuo”.

O vencedor foi o cantor pop vietnamita Duc Phuc, que interpretou um tema inspirado numa lenda nacional e arrecadou um prémio de cerca de 306 mil euros.

A controvérsia marcou a participação dos EUA, com a cantora Vassy, que já substituía o concorrente original, a retirar-se devido a “pressão política sem precedentes do governo australiano”, segundo a organização.

O comentador Tiago André Lopes descreveu a iniciativa como “uma resposta feita com músculo”, sublinhando a presença de “alguns estados principais do sistema internacional”.

O representante russo, o cantor Shaman, conhecido por temas patrióticos de apoio à guerra, não foi classificado a pedido próprio, afirmando que a Rússia “já venceu” por organizar o evento.