Esta medida, que visa refletir a descida do imposto aprovada para 2025 com efeitos retroativos, levanta questões sobre o acerto de contas com o Fisco no próximo ano. A recente descida das taxas de IRS, aprovada pelo Parlamento com um impacto de 500 milhões de euros, levou à publicação de novas tabelas de retenção na fonte. Para compensar os contribuintes pelo imposto retido a mais entre janeiro e julho, o Governo optou por tabelas excecionalmente baixas para os meses de agosto e setembro.

Em consequência, salários brutos até 1.136 euros e pensões até 1.116 euros ficam isentos de retenção nestes dois meses, um limiar superior ao anterior.

Esta alteração traduz-se num aumento substancial do rendimento líquido mensal para a maioria dos portugueses.

Por exemplo, um trabalhador solteiro com um salário de 1.500 euros, que antes descontava 186 euros, passa a reter apenas oito euros.

Noutros casos, os ganhos podem superar os mil euros mensais.

No entanto, este alívio é temporário.

A partir de outubro, entrarão em vigor novas tabelas, que, embora mais favoráveis que as do início do ano, implicarão descontos superiores aos de agosto e setembro. A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco, esclarece que não se trata de uma surpresa, mas de uma “diminuição do adiantamento” ao Estado. O verdadeiro acerto de contas ocorrerá na liquidação do IRS em 2026, o que poderá significar “um reembolso mais curto no próximo ano, ou mesmo uma fatura para pagar”. Para evitar surpresas, a legislação permite que os trabalhadores solicitem às suas entidades empregadoras a manutenção de uma taxa de retenção mais elevada.