A alteração fiscal, aprovada pelo Parlamento, reduziu as taxas em quase todos os escalões de rendimento, com cortes que variam entre 0,4 e 0,6 pontos percentuais.

Para garantir que este alívio tivesse efeitos imediatos e retroativos a janeiro, o Governo implementou tabelas de retenção na fonte excecionais para os meses de agosto e setembro.

Estas tabelas ajustaram de uma só vez o imposto retido em excesso nos primeiros sete meses do ano, resultando num aumento substancial do salário líquido.

Por exemplo, salários brutos até 1.136 euros ficaram temporariamente isentos de retenção.

A partir de outubro, entrarão em vigor novas tabelas, já sem o efeito retroativo, que estabilizarão os descontos mensais num patamar inferior ao praticado até julho.

O Ministério das Finanças sublinha que o objetivo é "aumentar o rendimento líquido dos contribuintes e aliviar a carga fiscal das famílias".

Contudo, especialistas e a Ordem dos Contabilistas Certificados alertam para as consequências no próximo ano.

Como a retenção na fonte funciona como um adiantamento ao Estado, a redução drástica destes pagamentos mensais significa que, na liquidação final do IRS em 2026, o valor em falta a pagar ao Estado será maior.

Simulações indicam que muitos contribuintes habituados a receber reembolsos poderão ver esses valores reduzidos ou até serem chamados a pagar imposto, dependendo das suas deduções à coleta.