A maioria das instituições nacionais e internacionais projeta um regresso ao défice, contrariando a meta do executivo.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, enfrenta um cenário desafiador.
Um dos maiores constrangimentos é a inscrição, como despesa, dos empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um montante que pode ascender a três mil milhões de euros em 2026. A este valor somam-se cerca de 4,5 mil milhões de euros de impacto de medidas já legisladas ou com compromisso firmado, como aumentos salariais na função pública, a atualização de pensões e a redução de impostos como o IRS e o IRC. Este quadro deixa uma margem negocial muito reduzida para o Governo minoritário de Luís Montenegro.
Enquanto o executivo aponta para um excedente de 0,1% do PIB, instituições como o Banco de Portugal (-1,3%), o Conselho das Finanças Públicas (-1%) e a Comissão Europeia (-0,6%) preveem um défice. O ex-ministro das Finanças, João Leão, alertou que apenas um "crescimento da receita continuar extremamente elevado" poderia evitar um saldo negativo.
As negociações políticas com o PS e o Chega, que apresentam exigências divergentes, serão cruciais para a viabilização do documento, com o primeiro-ministro a recusar negociar com base em "ultimatos ou linhas vermelhas".