O alívio fiscal sentido nos últimos dois meses deve-se a um ajuste técnico.
Como a descida das taxas de IRS tem efeitos retroativos a 1 de janeiro de 2025, as tabelas de retenção para agosto e setembro foram desenhadas para compensar os valores retidos a mais nos primeiros sete meses do ano. Na prática, isto resultou num aumento substancial do rendimento líquido, com salários até 1.136 euros a ficarem temporariamente isentos de retenção. Contudo, a partir de outubro, entrarão em vigor novas tabelas, já sem o efeito retroativo, que, embora mais baixas que as do início do ano, resultarão numa retenção mensal superior à de agosto e setembro. Vários especialistas alertam para a consequência desta dinâmica no acerto de contas final em 2026: como os contribuintes adiantaram menos imposto ao Estado ao longo do ano, o reembolso do IRS será previsivelmente menor ou poderá mesmo haver lugar ao pagamento de imposto adicional. Por exemplo, um trabalhador solteiro com um salário de 1.000 euros pagará menos 34 euros de imposto por ano, mas o ajuste concentrado em dois meses pode criar uma falsa perceção de um aumento salarial permanente e impactar o planeamento financeiro das famílias no ano seguinte.