O Governo alterou as regras de acumulação de apoios para os jovens qualificados, forçando-os a optar entre o IRS Jovem e o prémio salarial de devolução das propinas nos novos pedidos. Esta medida, justificada pela maior generosidade do novo regime de IRS Jovem, surge num contexto de atrasos no pagamento do prémio salarial, gerando incerteza e a necessidade de uma análise caso a caso para determinar a opção mais vantajosa. A decisão do executivo implica que os jovens que submetam novos pedidos terão de escolher um dos dois benefícios, embora quem já beneficiava do prémio salarial possa continuar a acumulá-lo com o IRS Jovem. O ministro da Educação, Fernando Alexandre, justificou a alteração afirmando que o novo IRS Jovem é "muito mais benéfico" e que a acumulação dos dois apoios "geraria valores muitíssimos elevados", considerando ainda que "a conceção de base do prémio salarial está errada e não é eficaz".
A controvérsia foi acentuada pelo atraso no pagamento do prémio relativo a 2024, que deveria ter sido efetuado até julho e foi reagendado para setembro, enquanto o portal para novas candidaturas em 2025 permanece fechado.
A análise sobre qual o benefício mais vantajoso depende largamente do nível salarial.
Segundo a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco, "na maior parte das situações podem sair beneficiados (...) com a devolução do IRS", mas sublinha que "depende muito das questões salariais". Para quem aufere o salário mínimo, que já está isento de IRS, a devolução das propinas é a única opção com impacto. Simulações indicam que para licenciados com salários até 1.000 euros, o prémio de 697 euros é mais favorável, enquanto para salários acima de 1.680 euros, o IRS Jovem compensa sempre. Para mestrados, cujo prémio é de 1.500 euros, o ponto de viragem é mais elevado, tornando a escolha mais complexa.
Em resumoA nova política do Governo força os jovens a uma escolha financeira estratégica entre o IRS Jovem e a devolução das propinas. Enquanto o IRS Jovem se revela mais vantajoso para rendimentos mais elevados, o prémio salarial beneficia quem tem salários mais baixos. A decisão requer uma análise individual cuidadosa, que é dificultada pelos atrasos nos pagamentos e pela incerteza em torno da continuidade do prémio salarial.