A crise eleva os juros da dívida francesa para máximos históricos e contagia outros países, testando a resiliência da Zona Euro e colocando em risco a trajetória de consolidação orçamental da segunda maior economia do bloco. A crise foi despoletada pela proposta orçamental para 2026, que prevê cortes de 43,8 mil milhões de euros para reduzir o défice de 5,8% para 2,8% do PIB até 2029. Perante a oposição generalizada, a queda do governo na moção de confiança de 8 de setembro é vista como provável, abrindo um período de grande incerteza.

A reação dos mercados foi imediata: as 'yields' das obrigações francesas a 30 anos atingiram 4,5%, o nível mais alto desde 2009, e o 'spread' face à dívida alemã alargou-se significativamente. A turbulência alastrou-se, com as 'yields' alemãs a atingirem máximos de 14 anos e as britânicas a dispararem para valores não vistos desde 1998. Analistas alertam para as consequências económicas.

Charlotte de Montpelliera, economista do ING, avisa que a crise "atrasando a consolidação orçamental e potencialmente agravando a trajetória da dívida francesa".

Christian Schulz, da Allianz GI, prevê "um desempenho inferior continuado dos ativos de risco franceses" e "ventos contrários para o euro".

Neste cenário, Portugal tem sido destacado como um "porto seguro", com o 'spread' da sua dívida a manter-se em mínimos históricos, reflexo da confiança dos investidores na sua disciplina orçamental.