A crise foi desencadeada pela proposta do governo de François Bayrou de um corte orçamental de quase 44 mil milhões de euros para 2026, com o objetivo de reduzir o défice e a dívida pública, o que levou a uma moção de confiança no parlamento com elevado risco de chumbo. Na conferência de imprensa, Lagarde sublinhou a importância do cumprimento das regras orçamentais europeias, afirmando: “Estou certa que todos os governos querem operar com base nesta moldura orçamental”. Questionada sobre uma possível intervenção do BCE para comprar dívida francesa e conter a subida dos juros, a presidente respondeu que, por agora, os mercados de obrigações da zona euro “estão a funcionar bem e com boa liquidez”, mas garantiu que o banco central dispõe de “todas as ferramentas necessárias” caso a estabilidade financeira seja ameaçada. A instabilidade em França, a segunda maior economia da zona euro, representa um risco significativo para a estabilidade da união monetária.

Analistas alertam que a crise política poderá levar a “mais derrapagens orçamentais e aumentar a pressão sobre a classificação de crédito de França”, o que poderia ter um efeito de contágio e dificultar a recuperação económica europeia. A situação em França surge num momento delicado, em que o BCE decidiu fazer uma nova pausa no ciclo de cortes de juros, mantendo a taxa de depósito em 2%.