O Governo português prepara-se para avançar com um pacote legislativo destinado a reformar o processo tributário, com o objetivo de simplificar procedimentos, acelerar a resolução de litígios e reforçar as garantias dos contribuintes. As propostas baseiam-se num relatório com cerca de 90 sugestões, elaborado por uma comissão de peritos presidida por Rogério Fernandes Ferreira, e visam tornar o sistema fiscal mais competitivo e atrativo para o investimento. O Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, admitiu a necessidade de rever as regras para assegurar uma "resolução célere" dos litígios, considerando a reforma da justiça tributária uma "prioridade estratégica".
Segundo o ministro, um sistema mais célere e previsível "contribui diretamente para encurtar o ciclo do litígio e reduzir o risco financeiro sentido por empresas e investidores".
A Secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, acrescentou que o objetivo é reduzir a "má litigância que possamos evitar". Entre as propostas mais relevantes da comissão de peritos estão o estabelecimento de um prazo máximo de 20 anos para a prescrição de dívidas fiscais, mesmo com interrupções; a possibilidade de penalizar a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) por litigância de má-fé; e a obrigatoriedade de notificar os contribuintes sobre penhoras e outras comunicações oficiais por via eletrónica ou telefone. Adicionalmente, o Governo estuda alargar a arbitragem a litígios de valor superior a 10 milhões de euros e introduzir acordos extrajudiciais.
A diretora-geral da AT, Helena Borges, reconheceu que o fisco tem a "obrigação de informar melhor" para prevenir conflitos.
Em resumoO Governo planeia uma reforma abrangente do processo tributário, baseada em recomendações de peritos, para agilizar a resolução de conflitos fiscais e fortalecer os direitos dos contribuintes. As medidas incluem limites à prescrição de dívidas, penalizações por má-fé da AT e o alargamento da arbitragem, visando aumentar a competitividade económica do país.