A deterioração fiscal, marcada por défices elevados e uma trajetória de dívida ascendente, contrasta fortemente com a consolidação orçamental grega, sinalizando uma inversão histórica na perceção de risco financeiro na Europa. Enquanto a Grécia recuperou o 'investment grade' e transformou défices persistentes num excedente orçamental de 1,3% do PIB em 2024, França mantém um défice próximo de 6% e uma dívida pública de 113% do PIB com tendência crescente.

Esta divergência levou os mercados a reagir: as 'yields' das obrigações gregas a 10 anos negoceiam agora abaixo das francesas.

Agências como a Fitch e a DBRS cortaram o 'rating' da dívida francesa para A+ e AA, respetivamente, os níveis mais baixos de sempre, citando a fragmentação política interna e a reduzida capacidade do governo para cumprir as metas fiscais.

Um dos artigos sublinha que "o filme importa mais do que a fotografia", argumentando que a tendência descendente das contas públicas francesas é mais preocupante do que o valor absoluto da sua dívida.

Esta vulnerabilidade levou um analista a descrever a França como o potencial "canário na mina de carvão europeia", alertando para os problemas graves que a sua instabilidade fiscal pode causar a toda a Europa. Apesar dos riscos, os analistas notam que um resgate ao estilo grego não é iminente, dado que a dívida francesa é detida por um conjunto diversificado de investidores e os bancos franceses não estão excessivamente expostos.