A aplicação de novas tabelas de retenção na fonte, com efeitos retroativos, resultou num aumento temporário do salário líquido em agosto e setembro, mas prevê-se que os reembolsos em 2026 sejam menores, uma vez que “ao reter menos imposto todos os meses, o valor acumulado para o acerto final será menor”, alerta a DECO PROteste.

Apesar do alívio mensal, esta dinâmica contribuiu para um aumento da receita de IRS arrecadada pelo Estado. Até agosto, o Estado arrecadou mais 2,1 mil milhões de euros do que o previsto, um valor que se deve não só ao aumento do emprego e dos salários, mas também a “menos reembolsos e mais notas de cobrança”.

Esta folga orçamental dá margem ao Governo na preparação do OE2026.

Para 2026, já está previsto um novo alívio fiscal, com o Parlamento a aprovar uma redução adicional de 0,3 pontos percentuais nas taxas do 2.º ao 5.º escalão. Paralelamente, a atualização automática dos escalões, baseada na produtividade e no deflator do PIB, aponta para uma subida de 3,51%, um valor que pode ficar aquém do crescimento salarial e da meta de 4,6% acordada com os parceiros sociais, arriscando um agravamento da carga fiscal efetiva se o Governo não intervier. No meio deste debate, a Associação Business Roundtable Portugal (BRP) apresentou uma proposta mais radical, defendendo a eliminação dos primeiros cinco escalões de IRS para combater o que considera ser uma “armadilha de pobreza”.

A associação argumenta que “o Estado fica com 62% do aumento salarial de quem ousa escapar do salário mínimo nacional, o que é imoral”.