A garantia pública para a compra da primeira casa por jovens até 35 anos tem tido um impacto significativo no mercado de crédito à habitação, abrangendo 15,3 mil contratos nos primeiros oito meses de 2025. Segundo dados do Banco de Portugal, estes empréstimos totalizaram 3 mil milhões de euros, representando 41,9% do montante total contratado por jovens para habitação própria e permanente. Este mecanismo, que permite ao Estado atuar como fiador em até 15% do valor da transação para imóveis até 450 mil euros, tem permitido que os jovens consigam financiamento a 100% do valor de avaliação da casa. A forte adesão levou o Governo a reforçar a dotação da medida em 350 milhões de euros, elevando o montante total para 1.550 milhões de euros. Até ao final de agosto, já tinham sido utilizados 407 milhões de euros, correspondendo a 37,5% do valor então disponível. A medida tem tido uma adesão particularmente forte em regiões como o Alentejo e a Lezíria do Tejo, onde mais de metade dos contratos de crédito para jovens recorreram à garantia estatal.
Em contraste, na Grande Lisboa e na Madeira, o peso foi menor, rondando um terço do total.
O Banco de Portugal nota que os contratos com garantia pública apresentam um rácio LTV (loan-to-value) médio de 99%, substancialmente superior aos 82% dos contratos de jovens sem garantia. A banca, através da Associação Portuguesa de Bancos (APB), manifestou-se “sempre disponível para colaborar com o Governo” na implementação destas políticas, com instituições como o BPI e a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mafra a solicitarem já um reforço das suas quotas.
Em resumoA garantia pública para o crédito à habitação revelou-se um instrumento crucial para facilitar o acesso dos jovens à compra de casa, sendo responsável por uma fatia considerável dos novos empréstimos. A elevada procura motivou um reforço da verba por parte do Governo, que, em colaboração com a banca, procura flexibilizar ainda mais o acesso ao crédito para habitação e construção.