A preparação do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) indica uma mudança na abordagem do Governo, que pretende apresentar um documento focado nos tetos de despesa e previsões de receita, com um mínimo de alterações fiscais, remetendo as grandes reformas para processos legislativos autónomos. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, revelou que a proposta orçamental procurará ter “o mínimo possível de alterações fiscais”, limitando-se essencialmente a atualizações obrigatórias como as dos escalões do IRS e do IMT. “As alterações fiscais que têm de ir ao Parlamento devem seguir processos legislativos próprios para que o Parlamento possa discutir as opções fiscais e não misturadas no meio do Orçamento”, defendeu o ministro.
Esta estratégia já foi visível na discussão da descida do IRC, que ocorreu fora do âmbito orçamental.
Outra novidade estrutural é a implementação da orçamentação por programas, uma ambição antiga que visa associar a despesa a “objetivos, indicadores e metas” concretas, permitindo uma monitorização mais eficaz da aplicação dos fundos públicos.
Apesar desta contenção processual, o OE2026 parte já com um impacto de medidas previamente aprovadas de 4,4 mil milhões de euros, incluindo a descida do IRC, a atualização do IRS e aumentos salariais e de pensões. O Governo mantém a previsão de um excedente orçamental, embora o Conselho das Finanças Públicas e o Banco de Portugal projetem um défice.
Entre as medidas já conhecidas que constarão no documento estão o aumento do salário mínimo para, pelo menos, 920 euros e a já mencionada redução adicional das taxas de IRS.
Em resumoO OE2026 está a ser desenhado como um instrumento mais técnico e contido, focando-se na gestão orçamental e na nova metodologia por programas. As grandes reformas fiscais, como as do IRS e IRC, estão a ser tratadas em diplomas separados, numa estratégia que visa simplificar o debate orçamental, embora o documento já incorpore o impacto financeiro de várias medidas previamente decididas.