A sua nomeação, proposta pelo governo PSD/CDS-PP, marca uma nova fase para o banco central, com o ex-ministro da Economia e antigo economista-chefe da OCDE a prometer um mandato "ferozmente independente" do poder político.

No seu discurso de tomada de posse, Santos Pereira delineou várias prioridades que sinalizam uma agenda reformista. Anunciou a intenção de promover a "simplificação regulatória" no setor bancário, eliminando legislação "redundante" e "excessiva" para tornar a regulamentação "mais ágil e coerente", mantendo ao mesmo tempo uma supervisão "atenta e exigente".

Internamente, comprometeu-se a aumentar a transparência e a meritocracia, instituindo "concursos para todas as contratações de diretores e diretores adjuntos".

Outras propostas incluem a reativação do Conselho Nacional para a Estabilidade Financeira e uma futura revisão da lei orgânica do Banco de Portugal.

A sua agenda foca-se também em desafios económicos prementes, como a necessidade de "fazer mais" para fomentar a habitação e a importância de assegurar que o numerário permaneça acessível a todos os cidadãos.

A sucessão não decorreu sem controvérsia.

Mário Centeno, cujo mandato ficou marcado por tensões com o atual executivo, confirmou no Parlamento que permanecerá na instituição como consultor, com um salário bruto reportado de cerca de 17.000 euros. Centeno justificou a sua permanência com a sua longa carreira na instituição, afirmando: "É evidente que eu vou ficar no Banco de Portugal. Eu estou no Banco de Portugal há 35 anos".

Esta decisão contrasta com a posição de Santos Pereira, que, durante a sua audição parlamentar, comentou que, se fosse ele, "não ficaria". A transição ocorre num contexto de debate sobre a independência e o escrutínio do banco central, temas que o novo governador prometeu abordar com rigor.