As medidas visam aumentar o rendimento disponível das famílias, mas a sua eficácia é questionada face à evolução salarial e à inflação.

O OE2026 contempla uma redução de 0,3 pontos percentuais nas taxas de IRS entre o 2.º e o 5.º escalão, uma medida com um custo orçamental de 110 milhões de euros.

Adicionalmente, os escalões serão atualizados automaticamente em 3,51%, valor que, no entanto, fica abaixo do referencial de 4,6% para aumentos salariais acordado em concertação social. Esta discrepância cria o risco de um agravamento fiscal para os contribuintes com aumentos salariais superiores a 3,51%, que poderão transitar para um escalão superior e ver parte do seu aumento absorvido pelo imposto. Simulações de consultoras como a EY e a PwC indicam que as poupanças anuais podem variar significativamente: um trabalhador solteiro com um rendimento bruto de 1.500 € poupará 57,92 €, enquanto quem aufere 4.000 € terá um alívio de 347,19 €. Para garantir que os rendimentos mais baixos não são penalizados, o "mínimo de existência" será atualizado para 12.880 euros, assegurando que o novo Salário Mínimo Nacional de 920 euros continue isento de IRS. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, garantiu que "a esmagadora maioria dos portugueses tem um desagravamento real do IRS" e que este será "totalmente refletido nas tabelas de retenção na fonte que irão vigorar a partir de janeiro".