Enquanto a redução da taxa de IRC visa aumentar a competitividade, a proposta de acabar com o regime indireto do SIFIDE gera preocupação no ecossistema de inovação. A proposta de OE2026 confirma a descida da taxa de IRC de 20% para 19%, uma medida com um impacto orçamental estimado em 300 milhões de euros e que foi aprovada autonomamente no Parlamento. O Governo reitera o compromisso de continuar esta trajetória de redução até atingir 17% em 2028, considerando o imposto um "instrumento determinante no aumento da produtividade das empresas". Em paralelo, o Executivo surpreendeu ao admitir o fim do Sistema de Incentivos Fiscais em Investigação e Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE) na sua vertente indireta, através de fundos de investimento. A medida, recomendada pela Unidade Técnica de Avaliação de Políticas Tributárias (U-TAX), visa corrigir o facto de "uma parte significativa do investimento" estar "retida nos fundos [...] não sendo aplicada em atividades de Investigação e Desenvolvimento". O Governo estima uma poupança fiscal de 124,2 milhões de euros já em 2026 com esta alteração. A decisão é criticada por vários operadores do ecossistema de capital de risco, que alertam para um "retrocesso de vários anos na capacidade de financiar a inovação nacional" e uma "redução da liquidez nos fundos de inovação". Lurdes Gramaxo, presidente da Investors Portugal, considera a análise da U-TAX baseada em "preconceitos" e desconhecimento do funcionamento do capital de risco.