Instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Conselho Único de Resolução (MUR), emitiram alertas sobre os crescentes riscos sistémicos do setor financeiro não bancário, também conhecido como “shadow banking”. Este setor, que já detém cerca de metade dos ativos financeiros mundiais, opera com uma regulação mais leve, e a sua crescente interligação com a banca tradicional representa uma ameaça à estabilidade financeira global.\n\nO FMI, no seu “Global Financial Stability Report”, destaca que entidades como fundos de investimento, fundos de pensões e veículos de crédito privado cresceram de uma quota de 43% dos ativos financeiros globais em 2008 para perto de 50% atualmente. Esta expansão acarreta novas vulnerabilidades, uma vez que estas instituições não estão sujeitas às mesmas exigências regulatórias e de transparência que os bancos.
Dominique Laboureix, presidente do MUR, reforçou o alerta, afirmando que alguns destes agentes “já se tornaram, ou estão prestes a tornar-se, too big to fail” (demasiado grandes para falir). Laboureix advertiu que “o custo da inação será significativo”, pois “cedo ou tarde, um destes agentes irá falir, com consequências terríveis para a estabilidade financeira”.
Os riscos identificados incluem o contágio ao sistema bancário tradicional, dado que a exposição dos bancos a estas entidades já representa, em média, 9% do total de empréstimos na Europa e nos EUA, e a possibilidade de vendas massivas de dívida pública em momentos de stresse, o que poderia desestabilizar os custos de financiamento dos Estados.
Em resumoO crescimento exponencial do setor financeiro não bancário, que opera à margem da regulação tradicional, é visto pelo FMI e pelo Conselho Único de Resolução como uma ameaça crescente à estabilidade global. A sua dimensão e interconexão com os bancos tradicionais criam um risco sistémico significativo, levando a apelos urgentes para a criação de um quadro regulatório mais robusto e transparente para evitar futuras crises financeiras.