Este crescimento, considerado "imenso", representa um risco acrescido para o exercício orçamental e a sustentabilidade das contas públicas a longo prazo.
De acordo com as projeções do Governo, a despesa com pessoal e as prestações sociais, onde as pensões representam a maior fatia, deverá aumentar 11,8% em apenas dois anos, um acréscimo de 9,7 mil milhões de euros. Estas duas rubricas correspondem a cerca de dois terços de todos os gastos do Estado, e a sua natureza estrutural significa que são despesas que se repetem anualmente, independentemente do desempenho económico.
O economista João Borges Assunção classifica este aumento como "imenso" e considera-o "má política", apontando que a popularidade conquistada junto da função pública e dos pensionistas está "assente nestas despesas".
Na mesma linha, Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, vê um problema na "distribuição de benesses aos vários grupos de interesse", o que "reduz a margem orçamental e torna mais arriscado o exercício" do ministro das Finanças. O antigo ministro das Finanças, João Leão, também manifesta preocupação com o "forte aumento da despesa estrutural", destacando que os gastos com pessoal cresceram 8% no primeiro semestre, um "ritmo muito acelerado" face ao que seria sustentável. Os especialistas alertam que, sem uma reforma do Estado que aumente a eficiência da despesa, não será possível acomodar mais investimento público no futuro nem uma baixa sustentável da carga fiscal.













