Esta divergência de perspetivas coloca em destaque o debate sobre a sustentabilidade da despesa pública e a trajetória fiscal do país. O Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, manifestou-se “bastante confiante” em alcançar um saldo orçamental de pelo menos 0,3% do PIB este ano, prevendo uma aceleração da economia para 2,3% no próximo ano e uma redução da dívida pública para um patamar abaixo dos 88%.

Sarmento argumenta que, retirando efeitos temporários como os empréstimos do PRR e decisões judiciais, o saldo orçamental estrutural ronda 1% e os saldos primários superam os 3% do PIB, o que torna a situação orçamental “bastante confortável”. Esta perspetiva é, em parte, corroborada pelo comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, que destacou a “situação orçamental bastante estável” de Portugal. Contudo, as projeções de Bruxelas são substancialmente mais pessimistas, prevendo um saldo nulo em 2025 e um défice de 0,3% em 2026, que se agravará para 0,5% em 2027.

A Comissão Europeia justifica esta deterioração com o impacto de “novas medidas permanentes”, como a redução do IRS e aumentos salariais, que impulsionam uma “expansão sustentada das despesas governamentais”.

O debate é intensificado pelos alertas de outras entidades, como a agência Moody's, que, ao avaliar a dívida portuguesa, apontou para “fortes pressões da despesa pública” e a necessidade de manter políticas orçamentais prudentes.