O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, advertiu que a combinação destes fatores pode transformar uma crise localizada numa crise sistémica. De Guindos sublinhou que a elevada dívida pública em vários países da zona euro e nos Estados Unidos representa uma vulnerabilidade crescente.

“O incumprimento das regras fiscais pode testar a confiança dos investidores, especialmente em países com instabilidade política”, afirmou, acrescentando que os elevados gastos previstos, incluindo na defesa, podem agravar a perceção de risco soberano.

A segunda grande ameaça identificada é o crescimento acelerado da “banca em sombra”, entidades financeiras que operam fora da supervisão direta.

Embora este setor seja ainda menor que a banca tradicional, o seu “elevado grau de alavancagem, opacidade e complexas interconexões” pode ser um fator chave na amplificação de crises.

Esta preocupação foi ecoada por banqueiros em Portugal, como o CEO do BCP, Miguel Maya, que alertou para a necessidade de os supervisores atuarem sobre “aqueles que não são supervisionados e que estão à nossa volta”, referindo-se a atividades em pagamentos e criptomoedas que podem contaminar o sistema financeiro.

O BCE aponta ainda para uma desconexão entre o risco real e a valorização de ativos, especialmente no setor tecnológico ligado à inteligência artificial, que pode levar a “ajustes bruscos e correlacionados nos preços”.