A análise de Bruxelas, enquadrada nas novas regras orçamentais europeias, centra-se no indicador da despesa líquida.

A Comissão projeta que esta cresça 5,8% em 2025 e 5,2% em 2026, valores que ultrapassam os tetos máximos recomendados pelo Conselho da União Europeia, de 5,0% e 5,1%, respetivamente. Este desvio acumulado atingiria 0,7% do PIB em 2026, acima do limiar de 0,6% definido nas regras. Adicionalmente, as previsões de saldo orçamental divergem: enquanto o Governo português aponta para um excedente de 0,1% do PIB em 2026, a Comissão antecipa um défice de 0,3%, atribuindo a diferença a uma projeção de despesa corrente mais elevada. Apesar destes alertas, o executivo comunitário concluiu que Portugal "cumpre as obrigações de política orçamental do Pacto de Estabilidade e Crescimento". A justificação reside no facto de a posição orçamental se manter "próxima do equilíbrio", o que contribui para a trajetória de redução da dívida pública. O comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, instou Portugal a "manter o seu rumo orçamental".

No plano interno, o Governo conseguiu travar propostas da oposição para um aumento permanente e extraordinário das pensões durante a votação na especialidade, um sinal de contenção da despesa.

Contudo, entidades independentes como a UTAO e o Conselho de Finanças Públicas (CFP) detetaram uma receita discricionária não identificada de 590 milhões de euros na proposta orçamental, levantando questões sobre a sua transparência.