Os processos de insolvência em Portugal revelam tendências divergentes, com uma queda acentuada nas insolvências de particulares para níveis não vistos desde a chegada da Troika, contrastando com uma ligeira diminuição nas insolvências empresariais que mascara variações setoriais e regionais significativas. O número de novas insolvências pessoais decretadas caiu para 1.240 no terceiro trimestre de 2025, uma redução de cerca de 25% em termos homólogos e trimestrais, atingindo um valor historicamente baixo. Especialistas atribuem esta descida a um conjunto de fatores, incluindo uma taxa de desemprego "historicamente baixa", a menor pressão do crédito à habitação em comparação com a crise anterior e um mercado imobiliário aquecido que permite às famílias em dificuldades venderem os seus imóveis como solução.
Adicionalmente, refere-se uma maior proatividade da banca na procura de soluções e uma maior literacia financeira por parte das famílias.
Em contrapartida, as insolvências de empresas diminuíram apenas 0,5% no acumulado até novembro de 2025. Os distritos de Lisboa e Porto continuam a concentrar o maior número de casos, com aumentos de 5,3% e 1,2%, respetivamente.
Setorialmente, as insolvências cresceram em áreas como as Telecomunicações (+100%) e os Transportes (+31%), enquanto diminuíram na Indústria Transformadora (-10%) e no setor de Eletricidade, Gás e Água (-36%).
Em resumoA robustez do mercado de trabalho e as condições favoráveis no imobiliário levaram as insolvências pessoais a um mínimo histórico, mas o setor empresarial apresenta um quadro mais heterogéneo, indicando que as pressões económicas afetam de forma desigual as diferentes indústrias e regiões do país.